A fina flor cá do burgo, nomeadamente aquela que nas últimas décadas se tem pavoneado pelos corredores dos Jardins do Éden (ou seja, S. Bento e Belém, porque lá é que é bom!), engalanou-se no dia de hoje para mais uma comemoração.
A vistosa fina flor lá se acomodou pomposamente em Frente à Câmara Municipal de Lisboa para galhardamente usufruir dos, segundo rezam as más línguas, 10 milhões de euros (!!!) que foram reservados para realizar e organizar a faustosa comemoração.
Apesar da pãndega preparada, não me dei conta, todavia, que nesta vernissage tenham comparecido habituês da farra como Lili C., Cinha J. ou José C.B., mas ainda assim, com tanto dinheiro esbanjado, animação seguramente não terá faltado.
No entanto, e após ouvir e visionar onde foram parar os ditos 10 milhões, dei comigo a pensar que raio de evento estaria aquela gente a festejar...
E foi daí que alguém me berrou lá ao longe que se tinha formado todo aquele ajuntamento para juntar os 100 anos da república.
Ah, os 100 anos da república, murmurei eu entre dentes...
Então era isso...
E agora pergunto eu:
Terá aquela gente também comemorado o facto de a ditosa república assentar os seus pilares num acto terrorista, que os republicanos lusos prontamente condenam quando os mesmos ocorrem lá fora, mas que neste nosso caso apelidam de heroismo? (Ou ter-se-ão esquecido da cobardia que prepetuaram com D. Carlos e o principe regente?)
Terá aquela gente também comemorado a chamada I.ª república, essa comandita criada por uma minoria de supostos iluminados, que decidiram num belo dia juntar-se para brincar aos governos e aos presidentes, e pelo meio da brincadeira, trocar umas bengaladas entre adversários politicos, prepetuar umas maldades em padres e monarquicos e atropelar crenças, ideais, direitos e liberdades da populaça?
Terá aquela gente também comemorado a chamada laicização do estado (a separação entre o estado e a igreja) e a entronização da maçonaria e da carbonária nos assuntos de estado (pelo menos diz-se por aí à boca cheia que estas duas estiveram por trás do plano de assassinar o rei)?
Terá aquela gente também comemorado os 8 presidentes da república, os 7 parlamentos, os 38 primeiros ministros e os 45 governos que se saltaram pelo poleiro nos 16 anos que durou a primeira república?
Terá aquela gente também comemorado a II.ª república, que a ilustre fina flor republicana apregoa aos 7 ventos que não foi uma república? (Então mas em que é que ficamos? É que sendo assim, não andam a gasta 10 milhões de euros para festejar os 100 anos da república mas sim os 52 anos da república!).
Terá aquela gente também comemorado o atropelo de direitos e garantias fundamentais que se seguiu ao pós 25 de Abril, com as nacionalizações e desapossamento generalizado que se verificou?
Terá aquela gente também comemorado o PREC e o Verão Quente?
Terá aquela gente também comemorado também as vindas do FMI cá ao burgo, para por em ordem aquilo que os doutos repúblicanos desbarataram?
Terá aquela gente também comemorado o buraco negro para onde nos têm vindo a atirar, de à 100 anos para cá e que a cada dia que passa se torna mais abismal?
E graças a tudo isto, já agora, terá aquele gente também comemorado o fim da república e, quem sabe, do estado português, cenário este que se afigura mais iminente que nunca?
Quem souber que me ilucide, que assim de repente não tenho resposta.
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