Vinha eu, à coisa de uma horita, em viagem de regresso de um fim de semana bem passado (e regado) no Alentejo, acompanhado pela informação desportiva que ia passado na rádio (espantosamente sem qualquer relato em directo), quando o ilustre radialista e apresentador do dito programa anuncia, efusivamente, que a selecção nacional de andebol havia conseguido um magnífico empate com a selecção da Polónia, que havia sido a 3.ª classificada no último mundial da modalidade.
Até aqui tudo bem.
Efectivamente, para um país como o nosso, que não tem nenhuma tradição de grandes resultados nesta modalidade, empatar com uma selecção daquele calibre seria efectivamente um bom resultado.
No entanto, o dito radialista, seguidamente, e fazendo um apanhado geral do evento desportivo, referiu um pormenor que, mais uma vez me deixou deslumbrado.
Parece que a nossa selecção, afinal, e no decorrer do dito jogo, esteve a vencer por uma diferença de 5 golos.
Epa, não é para botar abaixo, mas estar a ganhar por 5 golos e deixar-se empatar, ainda que pela 3.ª melhor selecção do mundo, não pode deixar de ser uma frustração.
E se é uma frustração nunca pode ser um grande resultado!
É um resultado simpático, menos mau.
Mas daí a ser um grande resultado vai muito.
Já o treinador do meu Benfica, ultimamente, depois de apregoar mundos e fundos, vem com o mesmo paleio.
E é isto que me revolta nesta gente.
Contenta-se com muito pouco.
O empate foi uma vitória.
Mesmo quando se esteve a ganhar por 5 e se deixou fugir a vitória.
Transformam-se o médio e o razoável em heróico.
É por estas e por outras que, quando chega a hora H, não ganhamos nadinha (seja no desporto ou seja no que for).
É por isso que não passamos da cepa torta.
domingo, 31 de outubro de 2010
terça-feira, 5 de outubro de 2010
comemorar 100 anos de quê?
A fina flor cá do burgo, nomeadamente aquela que nas últimas décadas se tem pavoneado pelos corredores dos Jardins do Éden (ou seja, S. Bento e Belém, porque lá é que é bom!), engalanou-se no dia de hoje para mais uma comemoração.
A vistosa fina flor lá se acomodou pomposamente em Frente à Câmara Municipal de Lisboa para galhardamente usufruir dos, segundo rezam as más línguas, 10 milhões de euros (!!!) que foram reservados para realizar e organizar a faustosa comemoração.
Apesar da pãndega preparada, não me dei conta, todavia, que nesta vernissage tenham comparecido habituês da farra como Lili C., Cinha J. ou José C.B., mas ainda assim, com tanto dinheiro esbanjado, animação seguramente não terá faltado.
No entanto, e após ouvir e visionar onde foram parar os ditos 10 milhões, dei comigo a pensar que raio de evento estaria aquela gente a festejar...
E foi daí que alguém me berrou lá ao longe que se tinha formado todo aquele ajuntamento para juntar os 100 anos da república.
Ah, os 100 anos da república, murmurei eu entre dentes...
Então era isso...
E agora pergunto eu:
Terá aquela gente também comemorado o facto de a ditosa república assentar os seus pilares num acto terrorista, que os republicanos lusos prontamente condenam quando os mesmos ocorrem lá fora, mas que neste nosso caso apelidam de heroismo? (Ou ter-se-ão esquecido da cobardia que prepetuaram com D. Carlos e o principe regente?)
Terá aquela gente também comemorado a chamada I.ª república, essa comandita criada por uma minoria de supostos iluminados, que decidiram num belo dia juntar-se para brincar aos governos e aos presidentes, e pelo meio da brincadeira, trocar umas bengaladas entre adversários politicos, prepetuar umas maldades em padres e monarquicos e atropelar crenças, ideais, direitos e liberdades da populaça?
Terá aquela gente também comemorado a chamada laicização do estado (a separação entre o estado e a igreja) e a entronização da maçonaria e da carbonária nos assuntos de estado (pelo menos diz-se por aí à boca cheia que estas duas estiveram por trás do plano de assassinar o rei)?
Terá aquela gente também comemorado os 8 presidentes da república, os 7 parlamentos, os 38 primeiros ministros e os 45 governos que se saltaram pelo poleiro nos 16 anos que durou a primeira república?
Terá aquela gente também comemorado a II.ª república, que a ilustre fina flor republicana apregoa aos 7 ventos que não foi uma república? (Então mas em que é que ficamos? É que sendo assim, não andam a gasta 10 milhões de euros para festejar os 100 anos da república mas sim os 52 anos da república!).
Terá aquela gente também comemorado o atropelo de direitos e garantias fundamentais que se seguiu ao pós 25 de Abril, com as nacionalizações e desapossamento generalizado que se verificou?
Terá aquela gente também comemorado o PREC e o Verão Quente?
Terá aquela gente também comemorado também as vindas do FMI cá ao burgo, para por em ordem aquilo que os doutos repúblicanos desbarataram?
Terá aquela gente também comemorado o buraco negro para onde nos têm vindo a atirar, de à 100 anos para cá e que a cada dia que passa se torna mais abismal?
E graças a tudo isto, já agora, terá aquele gente também comemorado o fim da república e, quem sabe, do estado português, cenário este que se afigura mais iminente que nunca?
Quem souber que me ilucide, que assim de repente não tenho resposta.
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