terça-feira, 20 de julho de 2010

limpe-se a ela...

Eis que tenho, finalmente, uns minutos para calcar as teclas do meu portátil.
Aproveitando este parco tempo, apraz-me apenas tecer uns breves apartes ao mundial de futebol.
No final ganhou a Espanha.

Que triste sina.
Para não variar, o polvo acertou no prognóstico.
Burros que foram os alemães, ao não o terem posto a assar em azeite sob lume brando depois de terem perdido a semi-final.

Coisa que o polvo não adivinhou, mas que no afinal já muita gente sabia, era que a performance da nossa selecção, mais cedo ou mais tarde ia dar merda.
E muita.

E deu, como se esperava.
Há quem se tenha mostrado satisfeito com a performance.

Eu cá não.

Abominei.

Confesso que o jogo com a Coreia do Norte quase me fez mudar de ideias.

Mas as sete buchas que os pobres coreanos levaram na mala para Pyongyang não chegaram para tanto. (pobres deles, que graças a uma goleada infringida por esta selecção medíocre, sabe-se lá se não terão ido parar a uma mina de carvão, ou uma pedreira de mármore ou ao fundo do mar.)
Não chegou por uma simples razão.

Falta de coragem.

E digo que a nossa selecção foi medíocre, nem tanto pela falta de valor, mas fundamentalmente pela falta de coragem e de orientação.
No sorteio, Portugal calhou no suposto grupo da morte (ainda estou para saber a razã
o. Por causa do Brasil? por amor de Deus...).
Foi o que bastou para que o seleccionador, timoneiro, homem da frente, orientador desta selecção, atirasse da boca para fora que passar a fase de grupos era uma tarefa hérculea, e como tal, objectivo traçado mais que suficiente.
A selecção andou pois, durante mais de um mês, em pseudo-estágio, a mostrar que dava no duro para ultrapassar tal tarefa.
O dito timoneiro logo veio, durante um mês, dar satisfações quanto ao seu trabalho e vendendo a banha da cobra de um grupo de super-homens que treinava.

Deu para tudo o risível estágio.

Desde a chegada da estrela da companhia em helicóptero, a ridículos programa
s de propaganda dos super-homens (ou melhor, dos incríveis), onde o dito timoneiro nem se coibiu a vangloriar a sua suposta inteligência e superioridade.
Prometeu-se a explosão.
Prometeu-se o ketchup.

Chegados a Africa o que é que se viu?

Uma selecção de medrosos.
Jogo contra a Costa do Marfim.

Uma equipa a jogar atrás da linha da bola, com uma carrada de jogadores defensivos a morder a relva para procurar não sofrer golos.

Resultado: empate.

Anderson de S. põe a boca no trombone, por jogar onde nunca jogou.
Anderson de S. nunca mais jogou no mundial.

Jogo contra a Coreia do Norte.

Num lampejo de iluminação, o timoneiro põe em jogo uma equipa balanceada para o ata
que e com vontade de fazer golos.
Resultado: uma bela exibição pontuada com uma goleada.

Moral em alta.

Jogo com o Brasil.

Timoneiro volta à defesa com 7 ou 8 jogadores atrás da linha da bola com receio de sofrer golos.

Resultado: empate e suspiro de alívio do timoneiro.

O timoneiro estava feliz.
Oitavos de final.

Espanha.
Jogadores cheios de vontade de fazer a folha aos manolos.
Que é que faz o timoneiro?
Carregou em jogadores para a defesa.
Foi jogar a medo, mais uma vez.
Deu-se ao desplante de tirar o melhor jogador do ataque português no lance de maior perigo da nossa equipa.
Resultado: perdeu.
Final do jogo.
O timoneiro feliz.

Final do jogo.

Jogadores furiosos e revoltados.

O Hugo A. estava cansado.

Cansado, eu? replicou o Hugo A.
Assim não ganhamos, ó Carlos, disse a estrela da companhia.

O que correu mal? Perguntem ao Carlos, disse a estrela da companhia.

(Ah, e a estrela da companhia, diga-se, não jogou um charuto, foi um flop tremendo, das maiores desilusões da competição, mas ainda assim, esteve todo o tempo em campo).

O ambiente é bom? Entre os jogadores sim, disse Anderson de S..

E no meio disto tudo, o que acontece com o timoneiro?

Continuava feliz.
Os jogadores desabafam com os jornalistas, acerca da ambição e vontade que tinham
mas que o timoneiro não deixou que mostrassem em campo.
Pelos vistos houve até quem se queixasse de que não percebia o que o timoneiro queria.
E o timoneiro
continuava feliz.
Moral da história em África.

A nau dos navegantes (ou dos navegadores, ou lá o que era) tinha ao leme um timoneiro sem ideias, sem coragem e sem ambição.
Chegou ao cabo das tormentas e a nau, mal dirigida foi ao fundo.
Fernão Lopes dizia que "Um fraco rei faz fraca a forte gente".
Às ordens do timoneiro, a selecção foi a medo.
Deu merda, como se esperava.

Quem se contenta com ela...limpe-se a ela.

P.S.: O timoneiro voltou a Portugal, vangloriou a mediocridade do mundial que a sua equipa fez e continua feliz.